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Mais Um Capítulo​
Desenhos “Trazendo as coisas de volta à vida” + Verbetes

O conjunto de desenhos “Trazendo as coisas de volta à vida” recebeu o nome dado ao artigo escrito por Tim Ingold. O autor argumenta, utilizando Deleuze e Guattari como base filosófica, que:“[…] em um mundo aonde há vida, a relação essencial se dá não entre matéria e forma, substância e atributos, mas entre materiais e forças. [...]o modo como materiais de todos os tipos, com propriedades variadas e variáveis, são avivados pelas forças dos cosmos. Misturadas e fundidas umas às outras na geração de coisas.” (pag.2) 
Lego-cocô-de-lagartixa, carrinhos-borboleta, insetos-assustados... Coisas se coisificando. Materiais avivados pelas forças dos cosmos. Ideias filosóficas que me instigaram inicialmente a criar um olhar sobre os materiais velhos, estragados, restos de coisas, que não carregam a forma, a ideia e o projeto, e sim, essas propriedades variadas que se transformam constantemente por encontros de forças. Indo além, comecei a caminhar para as “coisas” que avivam meu cotidiano e que são avivados por nossas relações com eles - para insetos, brinquedos, troncos de árvores e favos de mel.

Como exercício para minha pesquisa de mestrado, iniciei esta série, em processo, de desenhos a partir de observações destes “fluxos de coisas”.

Em conjunto com os desenhos que se expandiram diante da percepção da casa-coisa, casa-corpo, casa-tempo-rotina, iniciei conjuntos de verbetes complementares aos desenhos. Por exemplo: o vagalume que morreu de prazer ou de susto (nunca saberei), ou as peças de LEGO-cocô-de-lagartixa que sempre aparecem por aí todos os dias, mesmo depois de limpar a casa.

Os desenhos surgem a partir de fotografias simples feitas com o celular, que vou tirando ao longo do dia. Essa metodologia é importante, a velocidade é necessária para capturar essas “coisas-ação” e, depois com calma, após uma curadoria desses instantes, os desenhos podem ser produzidos. Os verbetes surgem, no momento da foto, por conta da experiência que aquela “coisa” proporcionou, ou após uma reflexão sobre o porquê do registro e do desenho.

INGOLD, Tim. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais.  Horiz. antropol. [online]. 2012, vol.18, n.37, pp.25-44. ISSN 0104-7183.  https://doi.org/10.1590/S0104-71832012000100002.
VERBETES:

O passado, que era presente - Um dia, durante a construção. Ainda bem no começo. Não me lembro bem. O terreno ainda fazia parte do morro inabitado. Sem rua, sem luzes ou barulhos. Tivemos que subir lá a noite, não sei o porquê, só sei que fomos. E no meio do breu - não havia escuridão, lembro de termos uma leve visibilidade, que nos localizava entre as sombras das poucas arvores - e a mata que batalhava por seu lugar em uma terra antes usada como plantação de bananas e mandioca. Tivemos uma surpresa. Na verdade, eram insetos voadores, alguns maiores e mais luminosos, como se fossem vênus, ou júpiter, e outros pequenos e rápidos como pequenas estrelas distantes no céu. Nós invadimos uma festa de vagalumes, todos dançantes e felizes. Chegamos com as lâmpadas, com o barulho, com as brigas e frustações. Os vagalumes que gostavam de festa, breu e felicidade subiram um pouco mais floresta adentro. Junto, levaram as cobras, as onças e os quatis. 

Os carrinhos – borboletas... carrinhos que surgem delicadamente na minha mesa de trabalho. Coloridos. Não incomodam. Diferentes das borboletas que chegam e lutam para ir embora. Debatem até ficarem exaustas para voltarem às flores. Os carrinhos ficam lá parados, imóveis, esperando serem usados, de preferência pela imaginação infantil. O pior é serem retirados por mãos adultas e voltarem à caixa de trecos-carrinhos-perdidos, esperando retornar às brincadeiras.

Lego-cocô-de-lagartixa. Com essas peças de lego tenho uma relação diferente. Tão pequenas, tão únicas e essenciais, tão caras, mas ao mesmo tempo, tão incomodas, como os cocôs de lagartixas que insistem em cair todo dia, por toda a casa. Minha vontade é de sugá-los com o aspirador, ou mesmo deixar o “robô que limpa tudo e se embaraça em tudo”, sugá-las para seu compartimento infinito. Mas não posso. Se ao menos os cocôs de lagartixas fossem aqueles cocôs valiosos como o guano, ou então como os legos.
Insetos assustados – sim sempre assustados. O vagalume que desenhei morreu de susto. Tirei uma foto dele com flash, afinal era noite (eles só aparecem a noite), ele morreu de susto. Ou de prazer. Encontrou a luz que tanto desejava.

O fascismo esfacela – A madeira que foi extraída. Animais se abrigavam lá. Insetos faziam festas. Fungos se comunicavam. Até que uma serra derrubou tudo, uma potência detentora da serra a queria para poder construir sua própria casa, para fazer suas próprias festas, para obter sua própria comunicação. Se fosse verdade... A potência, detentora da ferramenta, queria apenas capitalizar. Hoje as pontas da madeira resistem, ainda abrigam os insetos, ainda se comunicam com os fungos. Ainda abrigam. Não mais pássaros, mas abrigam.

Legos-ervilhas – Sim, Legos novamente. Em algum momento nos convenceram que Lego deixa seus filhos inteligentes, essa informação deixou os pais histéricos na busca por legos. Meu filho começou a brincar de lego em idade precoce, com 1 ano ele ganhou seu primeiro conjunto de LEGOS DUPLOS, aqueles grandões. E a partir daí não parou mais. Cada vez mais Legos e Legos. Aos 3 anos foi introduzido ao mundo dos “legos pequininhos”, é assim que ele os chama, até hoje com quase 6 anos e já extremamente habilidoso na técnica do lego. O que eu fiz? Estou criando um futuro engenheiro...? Bom... o que são LEGOS-ERVILHAS. Não sei se o leitor se lembra do conto de fadas “A princesa e a ervilha”. Neste conto, para testarem se a moça de histórico humilde era a princesa que havia desaparecido quando bebê. Para testarem, colocavam escondida embaixo do colchão uma pequena ervilha. Se ela reclamasse de algo que a incomodava, é porque era realmente uma princesa, afinal, o corpo das princesas é mais delicado e sensível do que dos humanos normais. O que me atraía neste conto, é que a cada noite iam colocando mais e mais colchões para verem se ela continuava reclamando de algo incomodo.  Por fim ela estava dormindo em uma pilha de 2 metros colchões. É claro que deve ser incomodo. Ainda mais a sensação de perigo a noite com medo daquela pilha desmoronar.
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Provavelmente vocês leitores já devem ter feito a relação entre as peças de Lego e a ervilha. Sim, quando dormimos sempre sentimos algo nos incomodando, a vezes duro com vértices, outras vezes mais semelhantes a ervilha, pequeninhos e incômodos. As peças que aparecem por toda a casa como os cocôs de lagartixa, surgem inesperadamente na nossa cama, agora como ervilhas.
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